domingo, 23 de março de 2014

Naqueles dias em que o céu engolfa as estrelas e tudo vira escuro e luz.

Nos teus lábios meu botão se abre
Abre como a metáfora na boca do poeta
E minha carne quente tremula em sua saliva suave
Que me sorve
Como quem não quisesse parar de beijar.
E me sinto apertar o corpo
Fecho os olhos com afinco
Seus cabelos negros roçam em minhas pernas
Como o dia que toca a noite no começo do crepusculo
Estou quase perto do nada
Estou quase perto do fim
Seguro a mão do silêncio absoluto
A sua me toca devagar
Até que tudo se explode em fogos de artifício.

Poetando!


Depois do camburão havia um caminho


No meio do caminho havia um camburão. 

Havia um camburão no meio do caminho. 
Havia um camburão.
No meio do caminho havia um camburão.
Havia, eu sei que o vi.
Ele e suas almas lavadas de sangue.
Como chorei quando vi que ele havia.

domingo, 16 de março de 2014

Poesia metalinguística do cacete a quatro.

Sobre as silepses

Quando a vida anda dura

Eu me poeto
Me poeto pra nao doer
E me abraço nas palavras
Como se fossem redes
À beira da praia

Quando tentam me roubar
Esse pequeno prazer
Trazendo sílabas repetidas
Eu me agarro nas metáforas
E me jogo nas metonímias
Ninguém precisa saber

Das minhas hipérboles cuido eu
Já disse ao coroneis 
Já disse aos cacetetes 
Já disse aos carcereiros
Deixa!
Das minhas elipses, das minhas silepses, 
Dos meus sonhos cuido eu.