terça-feira, 5 de novembro de 2013

Ein Gedicht auf Deutsch

Meine Zigarette tanzt in meinen Händen.
Ich denke an die Deklinationen zu schreiben.
Das ist meine Sprache nicht,
das ist meine Sprache nicht. 
Was dachte ich, als ich mich entschied, ein Gedicht auf Deutsch zu schreiben.
Ich weiße es nicht.
Ich weiße nichts. 
Vielleicht ist das nur mein Heimweh, das für mich spricht. 
Ich weiße es nicht.
Ich weiße nichts.
Ich weiße nur, dass Saudade ein Gefühl ist, das man  mit keinem Wort übersetzen kann.
Nachdem ich in Berlin angekommen war, entdeckte ich, was das bedeutet.

domingo, 5 de maio de 2013

Bom, não sou muito de escrever poesias, acho que não faço isso muito bem. Mas gostei dessa, acho que simboliza bem uma fase que passei. E pra que mais serve a poesia se não para fingir duplamente a dor que fingimos ser dor e que a gente realmente sente?

O que de amor dói

O que causa dor
de amor dói
e cala
nessa angústia extasiada.

E de te ver
Meus olhos sorriem
E as lágrimas
Essas dançam com prazer.

E me pergunto
o que de amor dói.
Será que amor é pra doer?

Neste querer
não quero mais que bem querer
mas acabo solitária entre as gentes.

E não sei
Se não me contento de contente
Se o que é de amor...
O que é de amor dói.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Escrevi esse texto para um concurso de mini contos. Foi bem difícil produzir algo com apenas 150 palavras, mas eis aqui meu pequeno e assustador monstrinho.

            Teatro dos vampiros

Sentei e senti meu corpo cansado afundar no sofá. Respirei, dei mais um gole na cerveja e limpei o suor da testa. Estiquei meu braço, tateei às cegas o estofado e finalmente encontrei meu companheiro de todas as noites, o controle remoto. Zapeava e sentia o movimento contínuo de troca de canais vagarosamente entorpecer minha cabeça e meu corpo. Por um átimo, pestanejei. Quando pensei abrir os olhos, estes me faltavam. Minha cabeça virara um grande aparelho televisor. Mil imagens e sons aturdiam minha mente. Mulheres nuas dançando em uma praia, uma grande guerra no Oriente Médio, bebês famintos que não paravam de gritar, um homem com olhos sangrentos discursando palavras de ódio. Levantei e andei desnorteado. Eu só queria que as imagens sumissem, queria que as vozes se calassem. Estava enlouquecendo. Caí agonizante no chão e finalmente puxei o fio da tomada. Me entreguei ao silêncio acolhedor.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Bom, por conta da minha monografia, que é sobre a Chapeuzinho Vermelho, ando pensando muito nos contos de fada e em quais papéis as mulheres exercem neles. Pulando a parte chata e teórica, estava eu escrevendo aleatóriedades e eis que surgiu este conto. Diretamente das minhas divagações para o grande público, eu vos apresento "A princesa desencantada."


 A princesa desencantada
Era uma vez uma menina que cresceu acreditando que adolesceria, acharia um príncipe encantado, se tornaria uma princesa de um reino tão tão distante e viveria feliz para sempre, com seus sete filhos, um carro esporte, e seus vestidos de lantejoulas.
Só que o príncipe não veio, mas vieram por seu caminho muitos sapos, lobos, dragões, bruxas e irmãs más, o que fazia com que a pobre menina ficasse cada vez mais desalentada. Todas as noites, ela se perguntava onde estaria o príncipe que seus filmes preferidos, seus romances mais doces e as revistas femininas que lera haviam prometido. Quando, enfim, ela seria salva?
O tempo foi passando, os outonos viraram inverno, as primaveras viraram verão, e a linda menina ainda permanecia com seus sonhos na cabeça e seus sapos na garganta. Ela já havia feito de tudo para conseguir seu tão sonhado príncipe. Não comia doces, nem frituras, nem gorduras. Refrigerante? Nem pensar. Princesas tem a barriga lisinha. Falando em lisinho, o cabelo da menina já estava mais que alisado. Seus pobres cachos foram escravizados e se renderam a força opressora do secador. Afinal, ninguém vê nos contos de fadas princesas com cabelos rebeldes.
Os sapatinhos de cristal da pobre menina deixavam seus pés em carne viva. Todas as vezes que ia aos bailes da cidade, voltava com os calcanhares doendo e com os saltos na mão. Tudo era um verdadeiro show de equilíbrio e destreza e todos os movimentos, mesmo os mais doloridos, eram feitos com um sorriso no rosto, pois príncipes gostam de princesas felizes.
Mesmo com todos os esforços, a menina ainda não conseguira encontrar seu tão almejado príncipe. A família já começava a pressiona-la, pois, segundo a má língua dos parentes, ela estava ficando velha e encalhada e sempre é mais difícil arrumar um marido depois dos trinta, ainda mais se a mulher tiver pós-graduação. Uma vez, sua avó questionou como uma garota tão inteligente e bonita poderia não ter um namorado para acompanha-la. Sua tia, em todas as festas que a encontrava, perguntava quando haveria um casório, pois ela estava louca para comer bem casados.
Cansada de esperar por um resgate que nunca chegava, um belo dia, a menina se deu conta de que, na verdade, não precisava esperar por nada. Pegou sua própria armadura, levantou sua espada, subiu em seu próprio cavalo branco, mandou os parentes pras cucuias, pois era educada demais para manda-los para outro lugar, e foi ganhar o mundo. Nunca se sentiu tão livre e completa. Nada como quebrar seu caixão de vidro, matar cada um dos malditos anões e jogar as maçãs podres no lixo para se sentir realmente dona de si.
A menina, afinal, não achou um príncipe encantado. No entanto, viveu incríveis aventuras, comeu finalmente um bom pedaço de pizza, fez pós-graduação e passou a ser o que queria ser e não o que esperavam que fosse. De quebra, achou um homem comum e barrigudinho com quem divide as tarefas domésticas e bebe cerveja nos fins de semana. Ah, e foi feliz para sempre.