sexta-feira, 13 de março de 2015

Manifesto em prol da siririca

Homens tocam punheta. As mulheres... as mulheres não sentem falta disso. Bullshit! Uma balela total. Desde que eu tinha nove anos ou menos, eu me escondia embaixo da cama para, maravilhada, sentir a pulsação do meu clitóris. Era incrível, como se todo o meu mundo se desfizesse em latejos novos e espantosamente deliciosos. Minha imaginação e uma pré-adolescência permeada por Emanuele foram terrenos férteis para que eu me tornasse uma siririqueira de primeira. Para mim, me tocar era algo natural que provocava uma sensação sublime de contentamento. Quase uma história mágica de Iasmin no país da siririca. 
Eu acho que isso ocorreu comigo, porque, consciente ou inconscientemente, sempre achei a masturbação, ou a siririca para os mais íntimos, algo empoderador. Descobrir o seu próprio corpo é algo incrível e saber que se pode gozar sem precisar de ninguém é algo que muda sua vida. Passamos toda a nossa vida sendo encorajadas a acreditar que precisamos de um homem e de um pênis para sermos felizes, na vida e no sexo. Descobrir-se auto-suficiente é algo libertador. Não, não precisamos de um pênis para gozar. 
Pensei sobre isso hoje, porque, ao conversar com um amiga, ela me disse que havia finalmente tido um orgasmo clitoriano e disse que tudo isso veio por conta dos meus incetivos e de uma certa inveja que ela sentia ao me ouvir falar tão bem da masturbação. Fiquei honestamente feliz por ela e feliz por ver seus olhinhos brilhantes de quem achou uma mina de ouro.
Isso não significa que sexo não seja algo maravilhoso também, principalmente quando todos estão empenhados em dar e receber prazer. No entanto, tocar-se por conta própria é também algo incrível, é um ato de auto-conhecimento e apreciação. Nesses anos todos de masturbação, aprendi que a minha xoxota não é um ser estranho, ela faz parte de mim e  tem múltiplas possibilidades a me oferecer. Obrigada, Freud, mas não quero um pau. Muito obrigada mesmo. 
Fico triste com o número de mulheres que vêem sua vagina como um terreno nebuloso onde não se deve tocar. Já ouvi de amigas que elas não precisavam de masturbação, porque o namorado dava conta do recado. Já ouvi também amigas dizerem que não vêem graça em siririca, que não conseguem gozar assim. 
O que eu posso dizer sobre isso? Tentem de novo! Coloquem a mão na xoxota, olhem ela no espelho, vejam onde é melhor, mais gostoso, mais incrível. Você vai ganhar ao menos uma nova perspectiva sobre si mesma. E se, mesmo depois de tentar com afinco, você não gostar, tudo bem.  
 Esse é um manifesto por mais dedos no clitóris, por mais siririqueiras de plantão, por mais gozadas para relaxar antes de dormir, para aliviar um dia cheio ou para simplesmente... gozar! Em tempos em que há pressão de todos os lados para dominar e coibir o corpo feminino, a siririca é também um ato político. 
Viva a siririca!